Na reta final da minha viagem à Convenção da IFA tivemos a palestra de Simon Sinek, autor e palestrante motivacional de origem britânica-americana. Ele trouxe a reflexão sobre sobre dois tipos de situações que vivemos nas nossas relações.
O jogo finito e o jogo infinito. No jogo finito, o nome já diz, há sempre uma linha de chegada, teremos um lado que ganha e um lado que perde, as regras são claras e o objetivo é abater o competidor. Nada mais natural do que o jogo finito no mundo dos esportes por exemplo. No entanto, há quem jogue esse jogo no mundo dos negócios. Com uma mentalidade de que há uma linha de chegada, de que se pode ser o vencedor e ser o melhor e fim! No entanto, Simon traz que nesse ambiente de negócios, não há linha de chegada e o competidor, nada mais é que uma referência de como você está no jogo, um jogo que nunca termina.
Há apenas uma alternativa, aceitar que as vezes você esta à frente e às vezes, você está atrás. As vezes você tem o melhor produto, o melhor conceito de negócio, e às vezes, a concorrência faz um trabalho melhor. E quando se pensa nisso, é fácil reconhecermos aquelas empresas que se auto denomiam “a melhor”, “a mais importante”, e no entanto, num jogo infinito, isso é muito efêmero.
No jogo dos negócios, o único competidor é você mesmo. O quanto você está disposto a continuar nesse jogo, o quanto você está disposto a ser melhor dia após dia, sabendo que nunca será suficiente? Que você nunca vai conseguir chegar no topo, por que sempre – e a história dos negócios nos traz inúmeras razões para crer – sempre, virá alguém com uma ideia melhor, um produto mais inovador, ou algo que vai mudar completamente o cenário da “competição” e o ciclo vai recomercer.
A resiliência é a chave, pois a ideia não é vencer a concorrência, a ideia é durar mais que ela. E, para isso, ele indica que devemos abracar 5 práticas:
- Ter uma causa justa – algo pelo qual as pessoas na sua empresa vão desejar lutar com você. Uma causa, um motivo. Um propósito como muito já falamos por aqui, algo que as faça ver sentido em trabalhar para conquistar no futuro
- Construir equipes baseadas em confiança – permita que as pessoas estejam confortáveis para serem quem são e para darem o seu melhor, sem medo de serem julgadas ou criticadas
- Estudar seus concorrentes – aqui a perspectiva vai além da batalha, mas saber no que seus concorrentes são muito bons, pode nos ajudar a enxergar nossas fraquezas. Geralmente vemos as pessoas – e nesse caso, as empresas, como espelhos. O que nos afeta mais, geralmente é onde mais precisamos colocar atenção.
- Ter uma flexibilidade existencial – aqui é a capacidade de questionar o seu modelo de negócios. É repensar a sua empresa, seu conceito de negócios para que ele seja mais relevante no cenário atual. Aqui vale a máxima, “o que te trouxe até aqui provavelmente não vai te levar até muito mais adiante”
- E coragem para liderar – de todas talvez a mais difícil, pois exige desprendimento e empatia. Um olhar para o outro maior (e mais generoso) do que o olhar para si mesmo. É a liderança que vai ser a “cola” que une a causa a ser defendida com seus defensores.
Sabemos que é muito mais fácil traçar uma lista de metas a serem alcançadas e fixar um prazo a ser cumprido e, se não der certo, demitir e contratar novas pessoas. Mas isso é simplesmente jogar o jogo finito. Jogar o jogo infinito exige que você invista nas pessoas (tempo e dinheiro), que tenha paciência. É um processo lento e valoroso.
Para Simon, às vezes, no processo de exercer essas 5 práticas nós vamos ter perdas no curto prazo, e muitos líderes se recusam a ter a “flexibilidade existencial” e acabam levando a organização no caminho da falência, e eles, quando isso acontece, se aposentam. Ou seja, o jogo foi realmente finito.
Mas a vida vai além, mesmo quando morremos, apenas deixamos de existir, mas há um ciclo que permanece, seus filhos, seus netos, todos que conviviam com você e que podem ser impactados pelo legado deixado. Então, nesse caso, o jogo infinito foi jogado, e a sua existência não terá sido em vão, ela será lembrada e, porque não, perpetuada pelos seus valores e seus princípios que continuarão a ser transmitidos, geração a geração.
Então fica a pergunta: Qual jogo você está jogando?