Segmentos de Hotelaria e Turismo, Serviços e Outros Negócios, Entretenimento e Lazer, Alimentação e Limpeza e Conservação registraram maior variação percentual. Modelos alternativos de pontos de venda ganham espaço
O franchising brasileiro mantém sua trajetória de recuperação gradual frente a um cenário com demanda irregular e incertezas no campo político. No primeiro trimestre deste ano, a receita do setor registrou um crescimento nominal de 5,1% em relação ao mesmo período de 2017. O faturamento passou de R$ 36,890 bilhões para R$ 38,762 bilhões. Considerando-se os últimos 12 meses, o crescimento foi de 7% (variação de R$ 154,426 bilhões para R$ 165,190 bilhões). É o que revela a Pesquisa Trimestral de Desempenho do setor realizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising.
Analisando-se o quadro macroeconômico brasileiro, nota-se que, embora as expectativas iniciais do ano fossem mais otimistas, houve o agravamento de alguns indicadores importantes: aumento do desemprego, tímido crescimento do PIB, baixa produção industrial e retração da demanda verificada também em vários segmentos do Varejo. Do lado positivo, tivemos uma inflação baixa e sob controle e melhoras nos índices de confiança, ainda que de forma irregular. As incertezas políticas, especialmente no campo eleitoral, continuam a afetar os mercados, o que, unido aos fatores já citados, criou um ambiente complexo e de crescimento gradativo.
“Frente ao atual cenário da economia brasileira, consideramos este desempenho positivo, pois foi registrado em um período de inflação muito baixa – ao contrário do primeiro trimestre de 2017 – e de início da recuperação de uma das mais longas crises que o País já viveu. O franchising continua a investir na eficiência de suas operações, no desenvolvimento de formatos mais enxutos e na busca de novos mercados, canais de venda e públicos como forma de manter seu desenvolvimento. A inovação, especialmente a incremental, também tem um papel importante e tende a se fazer mais presente nos próximos anos”, afirma Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF.
Quanto ao movimento de abertura e fechamento de lojas no 1º trimestre de 2018, o estudo apontou uma variação positiva de 1,0% em relação ao mesmo período anterior, já que foram abertas 2,2% dessas unidades e houve o fechamento de 1,2% delas. São registradas atualmente 144.527 unidades de franquias no País. “Como nota-se em uma pesquisa específica, os franqueados multiunidades têm desempenhado um papel cada vez mais importante no franchising brasileiro e contribuíram para esta expansão no trimestre também. É um sinal da maturidade do mercado de franquias nacional que formou um empreendedor mais capacitado e preparado para arcar com mais responsabilidades, seja assumindo uma loja em dificuldade, ou desbravando novas regiões e mercados”, afirma Altino Cristofoletti Junior.
A pesquisa indicou também uma elevação de 0,9% no número de empregos diretos do setor no trimestre, totalizando 1.199.861 trabalhadores. Para o presidente da ABF, “embora o foco em eficiência ainda seja grande no setor, notamos que a geração de empregos se verifica desde o primeiro trimestre neste ano. Este período costuma ser mais fraco neste quesito, por isso consideramos um sinal positivo para o restante do ano”, pondera.
Segmentos
Entre os segmentos que apresentaram maior variação de crescimento nos meses de janeiro a março deste ano, Hotelaria e Turismo teve um faturamento maior em 14,9% na comparação com o mesmo trimestre de 2017. O resultado expressivo demonstra a recuperação do segmento que nos primeiros três meses do ano passado já havia registrado um crescimento de 31%. O aumento da receita proveniente do turismo internacional, a expansão de 4,9% em número de unidades e o desenvolvimento do e-commerce contribuíram para este desempenho.
O segundo melhor desempenho ficou com o segmento de Serviços e Outros Negócios, que cresceu 9,3% no mesmo período. Este resultado foi impulsionado, especialmente, pelas franquias ligadas à área de logística, que registrou um aumento do volume de cargas transportadas no período.
Entretenimento e Lazer alcançou o terceiro melhor desempenho, com variação positiva de 7,8% no período pesquisado. O segmento acelerou a abertura de novas unidades (4,6%) e contou com a diminuição do endividamento das famílias e o bom resultado do ramo de brinquedos e games, auxiliado pela baixa inflação.
Destaque ainda para os segmentos de Alimentação e Limpeza e Conservação, ambos com um crescimento de 6,6%, semelhante ao registrado no mesmo período do ano passado. Um dos mais tradicionais segmentos do franchising, Alimentação vem apresentando um aumento de receita em ritmo constante, em virtude, principalmente, do aprofundamento do hábito de se alimentar fora de casa, do reconhecimento de suas marcas e das constantes ações de comunicação para atrair o consumidor. Já o resultado de Limpeza e Conservação foi alavancado por sua expressiva taxa de expansão em unidades no período (4,9%) e pela busca por parte de clientes corporativos por alternativas mais competitivas de manutenção.
Depois de um ano de estabilidade, o crescimento de pontos de venda, modelos de operação e canais de venda não tradicionais (ou seja, além de lojas de rua e shoppings) se mostrou mais presente. Por exemplo, em relação à localização das unidades, a participação da modalidade Outros (que abrange condomínios residenciais e comerciais, universidades e clubes) no total de unidades chegou a 5% em 2018, contra 3% em 2017, enquanto a participação das Lojas de rua e Shopping apresentou queda (de 66% para 65% e de 23% para 21%, respectivamente).
Em termos de modelo de operação, aumentou também a participação da modalidade Outros, que abrange operações Home Based, Delivery e Venda Direta, passando de 3% para 5%, enquanto que as lojas tradicionais caíram de 90% para 88% em participação. Os Quiosques mantiveram a participação de 7%. Por fim, quando analisamos o canal de venda utilizado, a modalidade Outros (Delivery, Venda Direta, Televendas) saltou de 3% para 6%. Cresceu de forma considerável também a participação das lojas franqueadas no faturamento das redes, que antes respondiam por 71% das vendas e agora respondem por 82%.
“Em um primeiro olhar, podemos entender que essa mudança de ponto de venda e modelo de operação é lenta, mas temos que levar em consideração as dimensões continentais do País, que dão grande margem à expansão por meios físicos, e a expressiva base instalada de unidades tradicionais. Esse movimento de maior flexibilidade de canais vem se fortalecendo e tende a ganhar mais tração nos próximos anos. Isso mostra que o franchising não representa apenas um canal de vendas, mas uma plataforma completa de gestão de negócios de forma colaborativa, que pode ser desenvolvida por meio de diferentes canais, inclusive os digitais”, afirma o presidente da ABF.
Projeções
Com base nos dados do 1º trimestre de 2018, a ABF revisa suas projeções para o fechamento do ano. A entidade projeta que o crescimento do setor deve ser entre 7% a 8% em termos de faturamento, 3% em número de unidades, 3% em volume de empregos diretos e que o número de redes franqueadoras deve ser estável.
O presidente da ABF observa ainda que “vamos acompanhar de perto o desenvolvimento dos indicadores macroeconômicos e no campo político, cuja melhora pode abrir caminho para um desenvolvimento mais vigoroso do franchising nacional nos próximos trimestres”.
Metodologia
A Pesquisa de Desempenho do Franchising referente ao 1º trimestre de 2018 envolveu uma base amostral com redes respondentes que representam cerca de 41% das unidades e 53% do faturamento total do setor. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino. Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World Franchise Council (WFC), Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.
Fonte: ABF