Grupo Bittencourt
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De cada 10 brasileiros, 9 usam o celular para trabalhar fora do expediente

Pesquisa da Deloitte aponta que vidas pessoal e profissional estão cada vez mais entrelaçadas pelo uso do smartphone
Companheiro inseparável da grande maioria dos brasileiros, o smartphone é, cada vez mais, a famosa faca de dois gumes: se o contato social aumenta e as formas de se relacionar se multiplicam, não é só na esfera pessoal: o trabalho, o chefe e as obrigações profissionais vêm junto.

Em nova edição da Global Mobile Consumer Survey, pesquisa internacional da Deloitte sobre os hábitos de uso de dispositivos móveis, mostra que cresceu o número de brasileiros que relatam dificuldade em separar horários de trabalho e vida pessoal: dos mais de 2 mil entrevistados no levantamento, 33% afirmam usar “muito frequentemente” o telefone celular para assuntos de trabalho fora do horário do expediente – percentual que, no ano passado, era de 17%. Outros 30% o fazem “frequentemente”, enquanto 28% trabalham “ocasionalmente” quando, em teoria, não deveriam.
Ou seja, apenas um de cada dez brasileiros entrevistados não precisa responder um e-mail, uma mensagem do chefe ou atender uma ligação relacionada ao emprego (as três atividades mais realizadas, segundo a Deloitte) fora do horário de trabalho.
Celular Na RuaTambém ocorre o oposto: 39% das pessoas com quem a Deloitte falou dizem que “muito frequentemente” usam o smartphone para resolver assuntos pessoais durante o expediente – 12 pontos percentuais a mais que os 27% do ano passado. Outros 37% fazem isso “frequentemente”, e 20% “ocasionalmente”. Restam apenas 4% que não precisam se preocupar com o assuntos não relacionados ao trabalho durante o dia a dia profissional.
Para Marcia Ogawa, sócia-líder de tecnologia, mídia e comunicações da Deloitte, que apresentou o estudo em evento nesta manhã (18/10), o crescente entrelaçamento entre vida pessoal e profissional é um “caminho sem volta”, e pode, se bem controlado, trazer efeitos positivos para profissionais e empresas, como a possibilidade de estabelecer novos fluxos de trabalho em plataformas específicas.
“As pessoas interpretam que isso seja negativo, mas não é. Muitas vezes, o que acontece é que as empresas estão utilizando seus próprios aplicativos no celular. Isso porque aumenta produtividade e dá flexibilidade para o trabalhador, faz parte da nova economia”, diz.
Ela não nega que “excessos” e “desajustes” aconteçam, e que essa relação muitas vezes precisa ser melhor balanceada. Na própria pesquisa da Deloitte, 32% dos entrevistados dizem que tentam limitar o uso do smartphone, mas não conseguem (em 2017, 21% do total concordavam com a afirmação). Mas trata-se, afirma a sócia da empresa, de um movimento definitivo na forma de se trabalhar, e que a solução é aperfeiçoá-lo.
“É um caminho sem volta. Da mesma maneira que no passado tivemos com o computador, quando ele de fato entrou na vida profissional e todo mundo precisou ter um no trabalho. O celular é a mesma coisa, é mais uma ferramenta de trabalho que se tonra essencial”, diz.
No levantamento da Deloitte, 92% dos brasileiros entrevistados usam ou usaram recentemente um smartphone. Com 5 pontos a mais que o verificado na última pesquisa, o dispositivo é disparado o mais usado – o notebook, segundo colocado, tem 70% (3 pontos a mais que em 2017). Computadores desktop (66%, com crescimento de seis pontos) e tablets (48%, alta de 4 pontos) vêm na sequência.
O crescimento dos telefones inteligentes é ininterrupto. Enquanto todos os outros aparelhos citados acima se mantiveram constantes nos quatro anos de pesquisa, os smartphones saltaram de 77%, há quatro anos, passando por 80%, 87% antes de chegar aos 92% atuais.
E, quem usa, usa o tempo todo. Dos 2000 entrevistados, apenas 3% não o utilizam todos os dias. Além disso, 80% afirmam abrir o Whatsapp pelo menos uma vez por hora; 52%, o Facebook; e 46%, o e-mail pessoal. Já 58% do total assistem todos os dias vídeos ou histórias em tempo real de seus amigos – os famosos stories de Instagram, Whatsapp e Facebook e snaps do Snapchat.
O uso em excesso, porém gera consequências negativas que são reconhecidas pelos donos dos aparelhos. Dos que participaram da pesquisa, 35% dizem que sentem necessidade de conferir constantemente o telefone; 30% não dormem no horário pretendido; 16% sentem dores físicas (na cabeça, nos dedos, etc) e 13% relatam problemas de visão. Apesar 22% das pessoas afirmaram não sentir nenhum efeito colateral em função do constante uso do smartphone.
Fonte: Época Negócios