2013-09-13
Duas das principais marcas de chocolates finos fazem movimentos distintos para expandir suas participações do mercado. Enquanto a Kopenhagen inaugura sua primeira loja conceito na Oscar Freire, em São Paulo, a holding Cacaupar, dona da Cacau Show, anunciou esta semana a compra do controle da Brigaderia, rede criada em 2010 pela empresária Taciana Kalili.
Segundo Alexandre Costa, presidente da Cacau Show, a ideia é levar o expertise em gestão, expansão e logística da marca para a Brigaderia, que hoje tem apenas 10 unidades, todas em São Paulo. “A ideia é que ela possa oferecer a mais consumidores o produto, ainda restrito a São Paulo. Com a parceria podemos cuidar deste gargalo, pois já estamos em todos os estados do país”, explica ele.
Apesar de não revelarem o valor da transação, os novos sócios já têm planos de expansão para a marca. A meta é fechar 2015 com 50 lojas Brigaderia e chegar a 200 até o fim de 2018. Para atingir este objetivo, o crescimento agora será por franquias, modelo já adotado pela Cacau Show, que planeja ter 2 mil unidades até 2015. A rede deve fechar o ano com 1.540 pontos de venda. “Em cinco anos estaremos em todo o Brasil”, ressalta Taciana.
Costa diz ainda que a Cacaupar tem US$ 50 milhões para investir em aquisições e desenvolvimento de novos negócios, que não saiam do mercados de doces. “Temos o conhecimento de como fazer, afinal somos uma marca com clientes das classes A, B e C. A Brigaderia é mais exclusiva. Mas não descartamos ter marcas mais democráticas na holding”, adianta Costa, que não pensa, porém, em colocar a Brigaderia e a Cacau Show em uma mesma loja. “São propostas de valor distintas.”
Além da aquisição, a Cacau Show está investindo em novos equipamentos e produtos. “Teremos uma nova linha que produz 1.300 trufas por minuto e lançamos cem produtos por ano. Teremos panetone com chocolate belga para o Natal”, adianta Costa. Segundo ele, a sazonalidade, que diminuiria as vendas, não assusta. “No verão, a nossa indústria já trabalha para a Páscoa”, ressalta.
Incluindo indústria e varejo, a Cacau Show faturou R$ 1,5 bilhão em 2012 e a expectativa é fechar o ano com mais de R$ 2 bilhões. “Em 2015, esperamos chegar aos R$ 3 bi”, declara Costa. Já a Brigaderia faturou R$ 8,5 milhões e espera fechar 2013 com R$ 13 milhões.
Kopenhagen inaugura loja conceito na Oscar Freire
A Kopenhagen inaugura hoje uma flagship na Oscar Freire, em São Paulo. “A loja coroa os 85 anos da marca e é um projeto concebido com uma arquitetura diferenciada, que nada tem a ver comas nossas outras 313 unidades. Ela ainda reúne um olhar para o futuro. Teremos um painel de LED, que além de exibir produtos, tem interação com as redes sociais e replica ações da loja”, diz Renata Moraes Vichi, VP do Grupo CRM, dono da Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau.
A nova loja terá produtos exclusivos, como a linha Gifts Luxo, que traz objetos de decoração que podem ser associados ao chocolate, mas não haverá mudança no segmento de atuação. “Nossos outros pontos comerciais já estão onde há grande sinergia de público. Não estamos explorando outro mercado. Era comum os clientes comprarem objetos de decoração em outras lojas e voltarem para colocar bombons”, destaca a Renata.
Segundo ela, a marca fez ainda parcerias com a Nespresso, que criará bebidas exclusivas para a loja; whisky Chivas; além da Dado Bier, que criou uma cerveja de chocolate. “Fechamos ainda parceria com a chef Mônica Dajcz, que assina duas tortas, uma de mouse de chocolate com Chumbinho e outra de doce de leite com Língua de Gato”, conta a VP, que já esta negociando uma loja semelhante à flagship de São Paulo no Shopping Village Mall, no Rio de Janeiro.
O Grupo CRM faturou R$ 590 milhões em 2012 e espera fechar o ano com R$ 760 milhões. “Nosso crescimento foi alicerçado em estratégias de comunicação. Mais que dobramos nosso investimento em marketing, que passou de R$ 21 milhões para R$ 50 milhões. A compra de patrocínios como o Big Brother Brasil para a Chocolates, e do Rock in Rio e o The Voice Brasil para a Kopenhagen foi importante”, ressalta Renata. “O target da Kopenhagen é segmentado e sem elasticidade de marca, por isso criamos a Chocolates Brasil Cacau, que fecha o ano com 500 lojas”, completa a executiva.
NÚMEROS
6%: Participação dos chocolates premium no mercado brasileiro, segundo a Abicab. Há dois anos, este segmento representava apenas 1% do total.
267,9mil ton: Produção total do mercado de chocolates no primeiro semestre de2013.Essa indústria fechou o ano de 2012 com a produção de 732 mil toneladas.
US$50 mi: Recursos da Cacaupar, dona da Cacau Show, para investir em aquisições e desenvolvimento de novos negócios.
R$ 2 bi: Faturamento esperado para a CacauShow no final de 2013. Já o Grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, espera fechar o ano com R$ 760 milhões.
Chocolates premium já são 6% do mercado
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab)apontam o crescimento dos chocolates Premium no mercado nacional. Há cerca de dois anos eles respondiam por apenas 1% do mercado de chocolates e hoje já representam cerca de 6%, ou seja, aproximadamente 30 mil toneladas por ano de um total de 473 mil toneladas, que inclui tabletes, tabletes recheados, bombons, barras, trufas, ovos de Páscoa e outras especialidades. Além disso, segundo a Abicab, esse segmento cresce a taxas superiores ao chocolate convencional, pois os consumidores buscam novas alternativas de consumo.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor de chocolates do mundo e as empresas estão investindo pesado para que o país chegue à segunda colocação até 2016. De acordo com a Abicab, o principal esforço da indústria está na inovação em todas as etapas de produção, aprimorando e diversificando sabores, texturas, embalagens, formatos e distribuição.
O consumo per capita de chocolates no Brasil também cresceu. Na década de 1970, girava em torno de 300g, hoje é de 2,5Kg em média, por pessoa. Recente pesquisa encomendada pela Abicab, e realizada pelo IBOPE Inteligência, revela que 35% dos entrevistados não trocam o chocolate por nada.
Fonte: Brasil Econômico