Grupo Bittencourt
Grupo Bittencourt

O Mercado infantil é um bom negócio?

Marcas começam a diversificar seus canais de venda e linhas de produto para atingir o público infantil que cada vez ganha mais espaço no bolso dos pais e no planejamento estratégico das empresas. 
Aumenta disputa pelo consumidor infantil
O mercado de vestuário infantil, que representa 15% do setor de moda e movimentou no ano passado R$ 16 bilhões em roupas e acessórios, vai ficar mais concorrido. Na área de confecção, a holding Inbrands, controlada pela gestora Vinci Partners, vai colocar no mercado a coleção Ellus Kids e reforçar as linhas das marcas Tommy Hilfiger, Salinas e Mandi. No segmento de varejo, a TDB Têxtil, dona da marca Tip Top, vai se concentrar na abertura de megalojas de produtos para bebês e gestantes. A empresa vai concorrer diretamente com a rede Alô Bebê, que também tem planos de expansão.
Seguindo a tendência do mercado internacional, as grifes ampliam a gama de produtos para o público infantil como estratégia para acelerar o ritmo de crescimento. A Inbrands tem linhas das marcas Tommy Hilfiger, Salinas, Mandi e Richards. Agora, a Ellus ganha versões para crianças de 4 a 14 anos, uma coleção de 180 itens que deve chegar ao varejo em fevereiro ou março de 2015.
Adriana Bozon, diretora de branding da Ellus, espera que a linha infantil represente cerca de 5% da receita em 2015. “Em cinco anos, a expectativa é que chegue a 30%”, afirmou. No início estará apenas em lojas multimarcas. “No futuro, dependendo do desempenho, podemos levar a coleção para franquias ou até criar lojas monomarcas Ellus Kids”, acrescentou. Segundo balanço da Inbrands, a marca Ellus (incluindo Ellus Second Floor) teve queda de 2,2% em receita no terceiro trimestre, ante igual intervalo de 2013, para R$ 103,6 milhões. No acumulado do ano, houve avanço de 2,3%, para R$ 268,3 milhões. A marca é a que mais gera receita para a Inbrands, com uma participação de 33,3%.
“Existe uma brecha razoável no segmento de moda infantil com o mesmo perfil das nossas marcas [voltadas às classes A e B]. A Inbrands começou com a Richards há dois anos e agora completa o ciclo com linhas infantis em todas as marcas”, disse Alexandre Brett, diretor de marcas da Inbrands. Brett não cita números, mas diz que o total das vendas para o público infantil já é relevante para a companhia. Ele afirma que as marcas têm perfis diferenciados e não vê risco de canibalização. “As linhas infantis trazem um mercado novo para as marcas. Não vejo risco de substituição, mas de crescimento.”
De janeiro a setembro, a Inbrands registrou queda de 21,9% no lucro líquido, para R$ 8,7 milhões. A receita líquida aumentou 4%, para R$ 671,7 milhões.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), as vendas do segmento infantil de roupas e acessórios cresce em torno de 6%, enquanto a indústria têxtil como um todo tem queda de 0,9%.
No varejo, a TDB Têxtil, dona da Tip Top, dá início a uma nova fase de expansão. A companhia lançou a primeira loja da marca em 2009 e prevê fechar este ano com 100 unidades. Até novembro, a Tip Top mantinha 94 lojas em operação, sendo 85 franquias e 7 unidades próprias em todo o país.
Em agosto de 2013, a companhia abriu a primeira megaloja, em São Paulo, com investimento próprio de R$ 1,5 milhão. Além das roupas da marca, a unidade vende também itens como carrinhos de bebê, mamadeiras, fraldas e produtos de higiene.
Ricardo Marcondes, gerente de expansão da Tip Top, disse que o objetivo é abrir 10 megalojas por ano, chegando a 50 unidades até 2019. “Neste ano o ritmo de abertura foi mais lento por conta do cenário macroeconômico, mas a meta é abrir unidades em um ritmo mais forte em 2015.”
Em 2013, a TDB registrou receita líquida de R$ 117,5 milhões e lucro líquido de R$ 1,2 milhão. Para este ano, a previsão da companhia é ter um crescimento de 32% em receita. Em 2015, segundo Marcondes, o aumento deve ser também da ordem de 30%.
A Alô Bebê, principal rival da Tip Top no modelo de megaloja, informou que a receita cresceu 8% no acumulado de janeiro a outubro, e que o desempenho foi impactado pela Copa do Mundo e pelas eleições. “Houve uma recuperação após as eleições. A perspectiva é de vendas mais fortes na virada do ano”, disse Milton Bueno, gerente de marketing da Alô Bebê. O executivo também disse que o crescimento fraco da economia levou os consumidores a fazer compras de forma mais “seletiva”. “Hoje se vê menos compra de impulso do que se via em outros anos”, afirmou.
A Alô Bebê opera atualmente com 25 lojas, das quais quatro foram inauguradas neste ano. Para 2015, a previsão do executivo é abrir outras cinco unidades. A companhia não divulga dados de receita e lucro.
Fonte: Valor Econômico