Grupo Bittencourt
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“O varejo ficou muitos anos fora da transformação digital, mas agora estamos enfrentando esse desafio”

O mundo está passando por transformações drásticas que impõem desafios aos negócios e impõe mudanças urgentes. As inovações tecnológicas mudam a forma da relação entre consumidores e marcas.

Felipe Dellacqua, VP de vendas da VTEX; Guilherme Nóbrega, fundador da Gocase e Stephane Engelhard, VP de Relações Institucionais e Desenvolvimento Sustentável do Carrefour, discutiram suas impressões sobre a temática no painel “A transformação dos modelos de negócios”, realizado no 10º Fórum Internacional de Gestão de Franquias e Redes de Negócios.

Guilherme Nóbrega abordou a curta e disruptiva trajetória da Gocase no mercado.  Ele defendeu a importância de os empreendedores se conectarem com os consumidores. “Somos uma love brand que nasceu para inspirar e motivar pessoas de todo o mundo a expressar suas ideias”, ressaltou.

Criada em 2015, a Gocase nasceu como nativa digital para oferecer soluções de cases para celulares. Segundo Nóbrega, havia produtos muito caros ou que não tinham grande qualidade. Nenhuma marca, entretanto, oferecia personalização. “Criamos um negócio que oferece expressão pessoal, pensamento, moda e também protegeria o smartphone”, explicou.

A partir disso, a marca montou seu modelo de quiosque e entrou no e-commerce internacional, ao abrir sede em Amsterdam, em 2016. Hoje vende para 130 países do mundo produtos como cases, mochilas, acessórios tech e acessórios de moda. A empresa utiliza dados para pesquisar o que vem sendo tendência no mercado e busca personalizar. Aquilo que enxergam como não personalizável, é descartado.

O grande desafio para a Gocase, segundo o seu fundador, é oferecer a mesma experiência do online em ponto de venda. A marca abandonou o formato de quiosque e desenvolveu, em parceria com a Vimer, um novo conceito. A loja mostra os produtos para exibir nichos de estampas, espaços, viagens. Além disso, por meio da tecnologia, consegue apreender o que está sendo hit no off-line e traz para a produção.

“O que a gente quer é permitir aos jovens de espírito a se expressarem através da Gocase. Personalização não é nome, número. É o cliente entender que o produto está sendo feito para ele. A gente quer elevar esse nível. Hoje personalizar é um diferencial, mas daqui pouco tempo vai ser o básico: quem não tiver, estará fora do jogo”, ressaltou.

Stephane Engelhard apresentou o ecossistema do Carrefour Brasil. “O varejo ficou muitos anos fora da transformação digital, mas agora estamos enfrentando esse desafio”, disse. A companhia está engajada em mudar a cultura organizacional, personalização e liderar a transição alimentar, oferecendo comida de qualidade a preço justo.

A rede tem um entendimento do novo consumidor, que quer comprar a qualquer momento, aonde for conveniente e quando quiser.  Por meio de pesquisas e acesso a dados, o Carrefour percebeu que os clientes buscam saudabilidade, personalização, conveniência, rapidez na entrega, variedade e melhor preço.

O Carrefour percebeu que tinha como vantagens a ampla rede, forte conhecimento de marca, oferta alimentar e não alimentar, serviços financeiros e os dados sobre cestas e clientes. O ecossistema buscou a transformação digital por meio da omnicanalidade, parcerias e laboratórios, e-commerce e digital. Engelhard destacou a importância das parcerias: “nós não temos mais tempo para reinventar a roda. Por isso é preciso se associar e buscar parcerias, com marcas como Cyber Cook, Rappi, Swift e Magazine Luiza”, disse.

A iniciativa mais recente nesse sentido foi a entrada no capital da fintech Ewally, empresa especializada em serviços financeiros digitais, como parte da sua estratégia para atuação no segmento de conta digital. Isso permitirá à companhia ampliar seu ecossistema de pagamentos e distribuição de produtos e serviços digitais no Brasil.

Na personalização, houve novos formatos como o Carrefour Express, bem como o trabalho por meio de CRM e inteligência artificial, que envolve o aplicativo “Meu Carrefour” e formata as lojas físicas como minicentros de distribuição.

Por fim, a companhia assumiu a missão de liderar a transição alimentar, incentivando iniciativas para viver melhor com o Act for Food. “Nós massificamos o consumo com o hipermercado. Hoje queremos propor qualidade aos clientes a um preço justo”, explicou. Nesse sentido baseia essa ação em pilares como produtos de qualidade, preços acessíveis, ominicanal e serviços, educação e confiança.

Atualmente 59 hipermercados possuem corredores saudáveis, a rede vem aumentando a quantidade de produtos de marca própria, estimulado a  venda de orgânicos e trabalhado cada vez mais com produtores locais.

Delacqua demonstrou alguns exemplos de modelos de disrupção ao redor do mundo e no Brasil. “A VTEX tem o papel de estar pesquisando inovações e tecnologias que ajudam as empresas a se reinventar”, disse.  Ele destacou mudanças na forma de levar experiências aos consumidores, como no caso da Ariel e sua lavanderia móvel. Destacou também marcas que colocam o propósito como prioridade, citando a Toms Shoes, que doa um par de sapato a cada produto que vende.

O VP da VTEX mostrou ainda iniciativas para reduzir atritos com o consumidos, como a Amazon Go, e que transcendem o conceito de loja física, como a Magazine Luiza. A rede brasileira registrou crescimento de 288,6% no marketplace no segundo trimestre de 2019. Felipe Delacqua ressaltou ainda que os consumidores buscam soluções e citou o Care by Volvo.

O modelo de assinaturas da marca de automóveis que oferece assinaturas a 700 dólares por mês bateu a meta anual em apenas quatro meses e atingiu 95% de clientes que nunca a haviam consumido.

“Acima de tudo, surgem constantemente novos modelos. Vamos olhar para frente e entender que os mercados emergentes e consolidados estão modificando. A partir disso, podemos modificar e criar nossos modelos para atender os consumidores”, finalizou.