Regulamentação que permite imunização em drogarias foi bem-vinda entre consumidores nos primeiros meses de operação e estimulou grandes redes a ampliarem as opções para o cliente
Depois de quase seis meses da regulamentação dos serviços de imunização nas farmácias, grandes redes sentem feedback positivo no início das operações e já anunciam planos de expansão. Para acelerar esta oferta, no entanto, será necessário superar as barreiras da burocracia.
“Tivemos receptividade positiva. Tanto que expandimos rapidamente nas nossas lojas”, diz o diretor de Operações da RD, antiga Raia Drogasil, Marcelo Vienna.
A rede, iniciou a vacinação em dezembro em uma loja da Drogasil na região do Jardins em São Paulo (SP) e agora, aproveitando a campanha contra a gripe, inaugurou o serviço em Florianópolis (SC) e outras 14 unidades na capital paulista. Por enquanto, só a primeira unidade oferece outros tipos de vacina, como febre amarela, hepatite B, herpes-zóster e HPV. “Terminando a campanha o pessoal estará mais habituado, e no segundo semestre liberamos de 24 e 25 vacinas, entre as mais conhecidas, nas farmácias autorizadas.”
De acordo com ele, além da vacinação, outro projeto é de oferecer serviços farmacêuticos e programas de interrupção de tabagismo ou de perda de peso. Por ora, são apenas sete unidades na fase piloto, mas também tende a crescer. “Agora podemos fazer a vacinação e os serviços na mesma sala. Podemos fazer uma expansão mais planejada”, comenta.
Para ele, hoje o maior desafio na hora de fazer a expansão dos serviços dentro das farmácias é a agilidade dos processos de autorização. “É um processo complexo e moroso.”
De modo similar pensa o diretor de operações e responsável pelas áreas de expansão e núcleo farmacêutico da Drogaria Onofre, Mathias Adorno.
“A formação de times e preparação de locais nós fazemos com tranquilidade, mas os órgãos são burocráticos e andam na velocidade que é permitido. Hoje para abrir uma loja você não pode habilitar o serviço, tem que pedir uma extensão dos serviços e isso demora.”
Recentemente a rede anunciou a expansão dos serviços oferecidos pela Onofre Clinic, espaço especializado em assistência farmacêutica. A imunização iniciou em abril em duas unidades. Entre as vacinas oferecidas nas filiais habilitadas estão gripe, HPV e tríplice viral. “Até o final do ano serão oito das 25 Onofre Clinic com o serviço”, explica Adorno. Segundo ele, todas as unidades da rede que tiverem condições deverão ter a Onofre Clinic.
Entre os outros serviços oferecidos pela empresa estão o acompanhamento de clientes crônicos com diabetes ou hipertensos, além de gestantes e serviços básicos como medição de glicemia e monitoramento de pressão.
Segundo ele, este é o início de um mix de serviços que a rede está preparando, mas ainda não pode revelar. Hoje, por ser uma área ainda nova, não tem grande relevância nos resultados financeiros da empresa, mas de acordo com Adorno, a ideia é que no futuro isso mude. Sobre possíveis parcerias com empresas e operadoras de saúde, ele comenta que está aberto, mas por ora só está em fase de estudo.
Cuidados e fidelização
Na opinião do ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, entre os serviços que devem ganhar relevância nas farmácias, além da imunização, estão o monitoramento terapêutico, o acompanhamento de crônicos e outras atividades como o cuidado de feridas, como as decorrentes do problema de diabetes. “Cada vez mais as farmácias vão se desenvolver nesse sentido.”
Para Barbano, as redes que conseguirem oferecer o serviço, terão mais uma oportunidade de fidelizar os consumidores, caso seja bem feito. “Hoje [a fidelização] gira em torno do preço. ‘Te dou um desconto pelo CPF ou se tiver a carteirinha de um plano.’”
Entre os principais desafios e cuidados para quem quiser entrar na área, explica, estão a adaptação da infraestrutura, a integração com a vigilância epidemiológica, como mais um elo de informação da cadeia, além de preparação dos profissionais da farmácia.
Fonte: DCI