Grupo Bittencourt
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Startups lucram com venda on-line de supermercados

Empresas como a Now crescem 30% por mês ao fazer compras personalizadas e entregar na casa do cliente. Mercado ainda incipiente já oferece oportunidades para empreendedores

A cada ano, os brasileiros gastam R$ 350 bilhões em compras de supermercado. A cifra faz brilhar os olhos de Marco Zolet, CEO do Supermercado Now, startup que faz as compras de forma personalizada e entrega em casa. Qualquer fatia desse mercado é brincadeira de gente grande.
O e-commerce de supermercado é a nova fronteira das startups de logística e home delivery, um mercado ainda virgem no Brasil e no mundo. Não passa de 0,3% do faturamento dos supermercados brasileiros. Nos EUA, é menos de 2%. O Supermercado Now funciona como um marketplace de redes de supermercado de bairro e trabalha com o modelo de freelancers que fazem as compras e entregam na casa do cliente em até duas horas. O modelo é inspirado no Instacart, que hoje vale US$ 4,2 bilhões, e no Shipt, vendido para a Target por US$ 550 milhões.
Por envolver uma logística complexa, só os grandes supermercados conseguem investir na entrega rápida de produtos frescos. Para as redes de bairro, o marketplace é uma forma de entrar no mundo digital sem ter que fazer investimento. Os centros de distribuição são as próprias lojas.
SupermercadoO formato do Now, porém, é apenas um de tantos que estão sendo testados. A Mercado Fresh faz a feira, vai ao açougue e ao supermercado para o cliente, mas só entrega no dia seguinte (e não trabalha com nenhuma rede específica). O Shopper compra diretamente da indústria, oferecendo preços competitivos, mas não trabalha com perecíveis. Há ainda o Nuper, em fase de aceleração, que oferece pessoal para fazer as compras no supermercado de escolha. Isso sem falar na Rappi e na Glovo, que entregam de tudo – até as compras do supermercado.
Num mercado cada vez mais competitivo, alguns especialistas afirmam que vencerá quem tiver mais capital, o que permite investir na divulgação da marca e no desenvolvimento de serviços. Zolet discursa dessa análise.
O Supermercado Now tem crescido quase 30% ao mês nos últimos dois anos. Mas ainda é pequeno. Para 2018, a expectativa é de um GMV (Gross Merchandise Value, métrica usada para medir o volume de transações no e-commerce) de R$ 30 milhões. O Now nasceu em 2015 com US$ 1,5 milhão levantados a partir de capital próprio. Agora, quer levantar mais US$ 5 milhões para chegar a outras cidades do Brasil e se fortalecer para enfrentar a concorrência.
Embora o Rappi não tenha tirado mercado do Now, as duas startups disputam a liderança nas compras de supermercado. “Nosso ticket médio é de R$ 250, de duas a três vezes e meia o do Rappi”, diz Zolet, que trabalhou na AmBev e no HSBC antes de empreender. “Por sermos especialistas, com a taxa de crescimento que temos e com uma nova rodada de investimentos, acredito que vamos ficar na dianteira.”
Diferentemente do Now, o Rappi atua em diversas frentes. Compra e entrega qualquer coisa. Até mesmo dinheiro vivo, mediante taxa de 4%. Na categoria supermercado, o Rappi atua com a rede Pão de Açúcar, um grande diferencial em São Paulo.
O Now foca em redes de bairro ou regionais. Já tem parceria com 12 redes e 60 lojas em São Paulo – juntas, faturam R$ 4 bilhões offline. São redes como Hirota e Quitanda, St. Marche e Chama. Outras 10 estão no horizonte. “Hoje já represento de 3% a 5% das vendas dos parceiros mais antigos. Trago margem e receita porque amplio a área de captura de clientes”, diz Zolet.
O Now também tem conversas com o Pão de Açúcar. Mas é obviamente mais fácil fechar contratos quando se negocia com o dono do que com grandes empresas. A sócia mais nova do Now é Cristiane Dias, ex-diretora do Grupo Pão de Açúcar (GPA). O outro sócio é engenheiro de computação Diego Kawaoka.
Shoppers
Segundo Zolet, a margem das lojas de supermercado de bairro é da ordem de 35%. Quando vendem por meio do Supermercado Now, elas repassam de 11% a 12% para a startup. Além da comissão repassada pelo supermercado, outra fonte de receita são as parcerias de marketing com a indústria, que paga para ter destaque nas gôndolas virtuais. O Now também cobra uma taxa de serviço de R$ 9,90 a R$ 17,90, mas a receita vai para a remuneração dos shoppers, como são chamadas as pessoas que compram e entregam os produtos.
Hoje os shoppers do Now tiram algo como R$ 2,8 mil por mês e fazem de seis a oito entregas por dia. Para garantir baixos índices de ruptura (falta de produto ou compra errada), os shoppers passam por uma seleção por vídeo e treinamento presencial.
Fonte: Estado de Minas