Grupo Bittencourt
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VALOR: Marcas consagradas testam novos formatos

Unilever cria OMO Lavanderia, tendo o franchising como modelo de expansão

Evoluir de uma experiência de marca para o consumidor para uma solução completa de cuidado com as roupas, entregando o serviço via aplicativo. Foi com esse objetivo que a Unilever criou a OMO Lavanderia, tendo o franchising como modelo de expansão. “Para garantirmos crescimento rápido e capilaridade num modelo aprovado, decidimos comprar uma rede já em operação”, diz Teo Figueiredo, diretor de novos negócios. “Com a aquisição das unidades do grupo Acerte, chegamos ao mercado com know-how e mais de 120 lavanderias, cuja bandeira vem sendo migrada
paulatinamente.”

Com três modelos de franquia – lavanderia especializada,express e self-service -, a preços que variam de R$ 150 mil a R$ 450 mil, a rede já conta com 60 unidades em operação, número que deverá saltar para 200 em 2021. “Nosso objetivo é ser a maior e melhor lavanderia do país nos próximos cinco anos”, diz.

Segundo Lyana Bittencourt, diretora do Grupo Bittencourt, o movimento da indústria em direção ao varejo não é novidade, o que mudou foi o leque de benefícios vislumbrados. “Maior controle do canal de venda, possibilidade de testes de novos produtos, ampliação e apresentação de portfólio, poder contar a sua história e gerar um novo canal de venda são alguns deles”, afirma.

“Com isso, torna-se mais desafiador para as franqueadoras criarem uma proposta de valor atrativa que possa competir com essas marcas, que já são amadas pelo consumidor.”

Atenta às transformações do mercado, a 5àSec, rede de lavanderia com 442 unidades, promoveu uma transformação em seu modelo de negócio nos últimos quatro anos. “Até 2016, só oferecíamos a franquia padrão e a loja satélite, o que inibia nossa presença em cidades menores e bairros mais populares”, diz Alex Quezada, diretor de expansão. A rede agiu. De lá para cá, desenvolveu a franquia Express, no formato mais econômico, reduzindo o investimento inicial de R$ 400 mil para R$ 190 mil; o autosserviço, no qual toda a operação é feita via aplicativo, inclusive pagamentos e desbloqueio das máquinas, a um custo inicial de R$ 115 mil, e a franquia híbrida, que
funciona tanto como autosserviço como lavanderia tradicional. “A flexibilização foi a nossa grande sacada, o que nos leva a projetar a venda de 30 novas unidades em 2021, dessas 10 na versão Express.”

Não é errado dizer que há tempos o franchising vinha ensaiando uma diversificação na oferta de modelos de negócios, o que faltava era colocar efetivamente o bloco na rua.
“A pandemia acelerou esse processo e deixou claro que aqueles que estavam mais preparados, com projetos bem estruturados, atravessaram a turbulência com mais facilidade”, diz Adriana Miglorância, diretora de novos formatos da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “E não foram apenas os formatos que inovaram, houve mudanças no modo de operar das lojas físicas bem mais integradas com os canais digitais e uma migração para novos endereços”, afirma.

De acordo com a Pesquisa Trimestral de Desempenho da ABF, as lojas de rua passaram a abrigar 63,4% das unidades em 2020, contra 61,3% no ano passado, enquanto a participação das franquias “home based” saltou de 6,7% para 7,1%. A presença em shoppings centers, porém, caiu de 24,9% para 22,4%. “Os shoppings continuam sendo muito importantes para o franchising, o que tende a mudar com a expansão das marcas em canais digitais e com novos formatos é a forma de negociação”, diz André Friedheim, presidente da ABF.

“Até 2020, as marcas franqueadoras tinham de provar para o shopping porque podiam operar ali. Agora, os administradores é que têm de provar para as redes que pensam de uma maneira diferente, tendo o consumidor com foco das operações.” Pensar diferente é um exercício que Rodrigo Barros, CEO da Boali, pratica constantemente. A marca multiplicou seus modelos de franquia, investiu no digital e chegou a cidades menores operando com “dark kitchens”. “Em novembro de 2019, transformamos nossas lojas em hubs urbanos, ou seja, em centro de distribuição dos
pedidos on-line, e apresentamos o micromarket, operação autônoma dentro de condomínios e centros empresariais controlada pelo franqueado da região”, diz Barros.

“Com isso, multiplicamos por cinco nossas vendas pelo iFood, vimos o faturamento da rede crescer em média 20% ao mês entre julho e setembro, além de inaugurar sete novas operações, sendo quatro ‘dark kitchens’.”

Por Katia Simões – Valor Econômico