Grupo Bittencourt
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Veja quais foram os erros das franquias que fecharam em 2016


Aderir a modelos de franquia é uma opção recorrente entre empresários que querem expandir sua marca e aumentar a renda, mas em 2017, essa medida deverá ser tomada com mais cautela e planejamento. A orientação dos especialistas tem como base o balanço divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que mostra que em 2016 o número de franquias teve uma queda de 1,1%. Ao todo, 34 redes pararam de operar nesse modelo.
Essa movimentação acontece pela primeira vez em mais de 20 anos. A previsão para 2017 é que mais marcas abandonem esse formato. Nessa diminuição do número de franquias, algumas delas fecharam seus pontos e abandonaram o modelo, outras ainda funcionam nesse sistema, mas não com o mesmo nome. É o caso das redes que foram incorporadas, se fundiram com empresas maiores. Há também aquelas que não conseguiram se manter no cenário de crise e fecharam as portas.
A maior parte dos fechamentos corresponde a empresas que encontraram dificuldade no sistema de franquias. Para Claudia Bittencourt, sócia-fundadora do Grupo Bittencourt (consultoria especializada em franquias), o erro dessas redes está na falta de estratégia. “Elas não fizeram um bom planejamento para avaliar os impactos que o franchising traria para o negócio”. Para ela, itens essenciais na estruturação da rede, como suporte aos franqueados, produção e abastecimento, foram mal planejados e levaram algumas marcas a deixar o franchising.
Outra dificuldade das empresas que saíram do modelo é apontada por Claudio Tieghi, diretor de Inteligência e Mercado da ABF. Para ele, o erro pode estar na seleção de franqueadores sem perfil para o negócio e na falta de resultado para essas pessoas que vão trabalhar com as novas unidades. “O empreendedor tem que organizar o negócio para trazer resultado aos franqueados. Duas coisas são essenciais: planejamento e seleção bem feitos. É um modelo de negócio ganha-ganha. Se apresentar um erro, compromete o resultado”, analisa.
Maturidade
Para os especialistas, a queda no número de franquias tem um aspecto positivo. Eles justificam que as redes que permaneceram nesse sistema estão bem estruturadas e tendem a continuar crescendo. “A tendência é que que as marcas já existentes cresçam em número de franquias. Isso contribui para fortalecer o setor. O mercado está mais exigente, então o empreendedor que escolher o modelo de franquia deve planejar, desenvolver estudos de mercado, escolher sua estratégia. O sistema não permite mais franquear por impulso”, considera Tieghi.
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A recomendação é de que o planejamento seja feito a longo prazo e considerando um cenário adverso. Na ABF, a previsão do aumento no número de redes de franquias em 2017 é nula. Bittencourt acredita que outras empresas ainda vão reavaliar seu canal de expansão. “Algumas ainda querem muito mais se capitalizar do que estruturar um sistema sério e se sustentar nele. O correto procurar as franquias para ocupar mercado”, explica.
Balanço
Tieghi lembra que o franchising ganhou muita força no final da década de 80, durante a hiperinflação. Para ele, a situação pode se repetir. “Essa época foi muito exigente e fez com que o mercado se preparasse e se reorganizasse para colher bons frutos nas próximas décadas. É o que a gente tem como grande expectativa”.
Na prévia do balanço de 2016 feito pela ABF, o faturamento do modelo de franquias foi de R$150,7 bilhões. Em 2017, a instituição espera que esse índice tenha um aumento de 7 a 9%. O número de redes franqueadoras diminui de 3.073 em 2015 para 3.039 em 2016. E apesar de não haver expectativas sobre o crescimento desse número, espera-se que a quantidade de unidades aumente 4 a 5%.
Bom desempenho é resultado do cuidado com franqueadores e clientes
Para as redes que tiveram sucesso no franchising, foi essencial montar uma boa estrutura para cuidar dos franqueadores e clientes sem deixar a produção cair em qualidade e quantidade. Para a sócia do Grupo Bittencourt, especializado em franquias, Claudia Bittencourt, essas empresas encontraram parceiros desenvolvidos para fazer o negócio funcionar. Além disso, conseguiram organizar estrutura da empresa para a expansão, como aumento de demanda e melhoria nas operações de logística. “Elas têm pessoas capacitadas para cuidar da rede, processos bem definidos, rede de fornecedores com condições de abastecer a produção, programas de treinamento para qualificar o franqueado”, conta.
A consultora afirma que também é preciso fazer um trabalho preventivo, como consultoria, para evitar erros maiores que levem ao total prejuízo. Segundo Bittencourt, o trabalho no modelo de franquia exige um mais do franqueado, que deve ter atenção a empresa, ao franqueado e ao cliente. “É importante ter foco nas pessoas, ajudar o franqueado a ter um bom produto em suas lojas. Tem que investir em tecnologia para alinhar as unidades, apresentar os dados com tempo de cada parceiro se precaver sobre o que está por vir”.
Fechamento por setor
Em 2016, 34 redes deixaram de operar pelo modelo de franquia. Isso significa que as marcas encerraram as operações ou foram incorporadas por outras empresas.
As 34 redes fechadas ocupavam os segmentos

Divisão do faturamento por setor
Os dados mais recentes se referem às 3.073 franquias presentes no balanço final de 2015, divulgado em 2016. Os números do ano passado serão divulgados ainda no primeiro trimestre de 2017, segundo a ABF.

Fonte: Gazeta do Povo